
CASA DOS ANGICOS
Dom Pedrito, RS
Localizada na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, esta casa foi projetada para uma família que temos grande apreço: Suzana, Anderson e Valentina. Moradia para a área rural de Dom Pedrito, as inspirações para o projeto foram as casas amplas e térreas do campo, que facilitam a conexão com a terra enquanto se integram a paisagem longínqua do pampa. A atenção às demandas da família e ao meio fizeram das etapas deste projeto um processo fluído e prazeroso.
A casa tem setorização objetiva: um volume para a área íntima e um volume para a área social e de serviço, que são conectados pela circulação e banheiro. Forma-se assim um pátio interno e um deck coberto, ideal para vivenciar encontros e apreciar os dias de chuva. Aproveitamos o desnível do terreno para elevar o volume da área íntima, fortalecendo as diferenças de zoneamento da planta baixa e favorecendo a ventilação cruzada e a incidência do sol da manhã nos dormitórios. O quarto de hóspedes tem função multiuso, oportunizando um melhor uso do espaço. E embora presente no mesmo volume da área íntima, seu acesso proporciona privacidade entre a família e a(s) visita(s), por estar distante dos demais dormitórios.
Na área social (sala, cozinha, área de serviço/despensa e refeições) priorizamos um espaço amplo e integrado, em que a cozinha é o foco principal. Trouxemos o fogão à lenha para o centro deste espaço, pois assim seu calor é aproveitado tanto para aquecer o ambiente, quanto para cozinhar. A área de serviço é diretamente conectada com o exterior e com a cozinha, facilitando o apoio aos serviços do campo e ao manejo dos alimentos cultivados pela família.
Em relação às estratégias sustentáveis, a casa foi projetada para ter uma climatização 100% passiva, com orientação solar propícia para manter-se aquecida nos meses frios e fresca nos meses quentes. As paredes terão isolamento de lã de ovelha (proveniente de pequenos produtores da região), garantindo o conforto térmico nos ambientes internos. As madeiras são provenientes de eucaliptos cultivados no próprio sítio, e os tijolos, para a construção do banheiro, serão reaproveitados de estruturas pré-existentes no terreno. O reboco, quando presente, será de barro. As esquadrias serão reutilizadas e especificamente alocadas, a fim de favorecer a ventilação e a iluminação natural no interior da moradia. O aquecimento de água poderá acontecer através da colocação de placas de aquecimento, dispostas no telhado voltado para o norte. A água da chuva será coletada para a horta e o tratamento das águas cinzas e escuras também servirá para o cultivo de plantas. O telhado verde, além de promover uma melhor integração da edificação com as vegetações do entorno, favorece o conforto térmico do ambiente, por ampliar a inércia térmica da cobertura.
Desde o primeiro contato, nos sentimos motivadxs a estar nesta caminhada com a Suzana, o Anderson e a pequena Valentina, pois sentimos alinhamento em nossos propósitos. Perceber o cuidado da família com seu bem estar de forma holística, propicia a preservação das diferentes formas de vida, ampliando os resultados positivos desta intervenção. Dentre os tantos relatos lindos que ouvimos, guardamos este da Suzana: “Vocês uniram o que a gente almeja, gosta e é. E traduziram para um projeto que a gente tá amando e nunca ia imaginar em fazê-lo assim”. É uma satisfação perceber que os resultados mais lindos acontecem a partir de uma relação de verdadeira confiança e entrega entre nós e nossxs interagentes. Suzana, Anderson e Valentina, gratidão!







